

Rev. Shichiro Otake
Hitória da Igreja Bauru
Segunda geração

Shichiro Otake, aos 14 anos de idade, entre os avós Yoshimatsu e Não, quando de sua adoção pelo casal Chujiro e Chiyo Otake

Shichiro e sua esposa Mitie; foto-lembrança da cerimônia matrimonial, em 15 de novembro de 1946
Shichiro nasceu em 20 de junho de 1915, na Aldeia de Esumi, em Nishimuro, Província de Wakayama, no Japão, como sétimo filho de Masasuke e Kitino Minami. Os Minami eram fiéis da Igreja Esumi, vinculada à Igreja Nishimukai.
Shichiro tinha 14 anos de idade quando foi adotado pelos recém-casados Chujiro e Chiyo, apenas dez anos mais novo que Chujiro, para completar o número mínimo familiar, exigido pelo departamento imigratório.
“Desde que fui salvo pelo seu pai (Yoshimatsu Otake), até hoje não pude retribuir devidamente esta gratidão. Por isso leve o meu filho Shichiro para completar a mão-de-obra da família” – disse Masasuke, com espírito emotivo e com toda a sinceridade, para Shinjiro Otake, condutor da Igreja Nishimukai.
Assim, três meses depois, Shichiro desembarcava no Brasil com a nova família. Jovem e vigoroso, na Colônia Tiete, ajudou no desmatamento e na construção da moradia. E quando Chujiro deixou a Colônia, como “homem da família”, ao lado da mãe Chiyo, sustentou as obrigações com determinação.
Mais tarde, nos primeiros tempos em Bauru, empregou-se numa casa comercial para ajudar na manutenção financeira da família e na missão doutrinária do pai.
Em 20 de junho de 1935, juntamente com a mãe Chiyo, regressa a Jiba para participar da celebração do 50 Anos do ocultamento físico de Oyassama (26 de janeiro de 1936). Cursa o Seminário Bekka, em 19 de novembro recebe o dom da concessão do Sazuke e, em 25 de fevereiro de 1936, recebe o título de mestre Kyoto.
Em 1937, durante o segundo regresso a Jiba para as comemorações do Centenário da Revelação Divina, Chujiro encontrou-se com o jovem Hitosi Iwashita, quarto filho do condutor da Igreja Myojin, filiada à Igreja Nishimukai, e que fora incentivado pelo reverendo Shinjiro Otake a imigar para o Brasil. Porém, em razão da legislação não permitir a adoção de dois filhos, Hitosi foi registrado como filho adotivo de Shichiro ( Hitosi era apenas cinco anos mais novo que Shichiro), e, em setembro de 1939, desembarcava no Porto de Santos, aos 19 anos de idade.
Em 1941, Shichiro transferiu-se para a cidade de Londrina, no norte do Paraná, onde, por cerca de um ano, dedicou-se à venda de bananas, pensando em subsidiar as despesas do tratamento de saúde de sua namorada, que doente, estava internada numa casa de repouso em Campos do Jordão (SP).
Shichiro, social e hábil, se empenhou na procura de apoio de pessoas influentes e teve participação direta na libertação de Chujiro da penitenciária, que ganhou a liberdade condicional em maio de 1943.
Ainda em 1943, orientado por Chujiro, Shichiro viaja para a cidade de Presidente Prudente, oeste paulista, onde instala a Casa de Divulgação Presidente e faz um importante trabalho de divulgação na região.
De volta a Bauru, em julho de 1945 ajuda na organização do Grupo Makoto-dan (Grupo da Sinceridade), nas dependências do Rensei Dojo, na cidade de Avaí, associação que mais tarde passou a se denominar Grêmio Bauruense (20/11/1946). O Grêmio Bauruense é reconhecido oficialmente como a primeira associação nikkei pós-guerra. O Grêmio expande suas atividades com o Internato Ikueisha para ensino da língua japonesa e com a Escola de Corte e Costura, que teve como presidente, por força de lei, o nissei e fiel da Igreja Bauru, Giro Ishikawa, diretor da igreja e conselheiro da Sede Missionária, que retornou em agosto de 2013.
Shichiro também trabalhou para a reabertura da Igreja Bauru, lacrada durante a guerra, reavendo as chaves em 11de janeiro de1946. A livre disponibilidade do recinto de reverência para a execução do Serviço Sagrado foi um fato de grande alegria e alívio por parte de todos os fiéis da igreja.
Ainda, no pós-guerra, dada a falta de vagas na rede de ensino público, o fiel da Igreja Bauru, Guenkichi Takahashi, doa um terreno, onde foi construído o 9º Grupo Escolar da Vila Independência, levantado totalmente com trabalho de hinokishin (atual Escola do Ensino Fundamental Henrique Bertolucci).
No dia 15 de novembro de 1946, Shichiro casa-se com Mitie Koikeda, filha de uma ativa missionária do Paraná. Mitie, até o início da guerra, como jovem residente, prestou serviços de hinokishin na Igreja Bauru. O casal teve quatro filhos: Seiryo, Harumi, Midori e Yoshimiti.
Em 1952, Shichiro e a família transferem-se para a cidade de Campinas, logo após a nomeação de Chujiro como Primaz da Sede Missionária. Lá permanecem por cerca de cinco anos e chegam a instalar uma casa de missionamento. Através de uma orientação no corpo de Mitie, o casal se determinou e regressou a Jiba, quando Shichiro recebeu a permissão para assumir como segundo condutor da Igreja Bauru, em 26 de março de 1957.
Em 15 de fevereiro de 1959, Shichiro deu início às obras acessórias da igreja e em 15 de outubro começaram as obras de construção do novo recinto de reverência. A empreitada foi realizada através da dedicação e esforço do trabalho hinokishin dos fiéis e a cerimônia de inauguração foi celebrada em 14 de julho de 1961, quando então Shichiro foi, também, nomeado responsável da Missão da Igreja-Mor Nankai no Brasil.
Shichiro orientou a criação das igrejas Piratininga e Uraí, inauguradas em 26 de abril de1966.
Em 1972, Shichiro juntamente com Giro Ishikawa incentivam a concretização do convênio de cidades-irmãs: Bauru-Tenri.
Shichiro foi também Diretor da Sede Missionária, cargo que se dedicou desde a sua fundação. Nos Seminários de Formação Espiritual (Shuyokai), da Sede Missionária, normalmente, quando convidado, ministrava aulas dos Hinos Sagrados.
Em 26 de janeiro de 1976, houve a fundação da terceira igreja filiada: Igreja Tupã, na cidade de Tupã (SP).
Em 18 de outubro do mesmo ano, ocorre o triste retornamento de sua mãe Chiyo, aos 70 anos de idade.
Depois, dado o retornamento do reverendo Yutaka Kayano e, em seguida, da esposa, Shichiro orienta a transferência dos símbolos divinos da Igreja Urai, fundando a Igreja Novo Horizonte, em 20 de junho de 1980.
Na década de 1980, a saúde do rev. Shichiro foi bastante instável, passando por problemas de diabetes, cardíaco e câncer pulmonar. Em 1º de fevereiro de 1987, mesmo debilitado, regressou a Jiba, para participar da conferência preparatória para a celebração dos 150 Anos da Revelação Divina. Infelizmente, no dia 27 de fevereiro, ainda em Jiba, veio a retornar às 4:30h, aos 71 anos de idade.
Durante 23 anos que esteve à frente da Igreja Bauru, o reverendo Shichiro promoveu grande impulso às atividades infantojuvenis e, ainda, realizava constantes encontros dos moços e das senhoras.
Shichiro recebeu também o título honorário de Cidadão Bauruense e tem seu nome homenageado na sala da brinquedoteca do Hospital Base de Bauru.
Reverendo Shichiro Otake orientou a fundação das Casas de Divulgação: Santa Fé (Nakagawa), Paraíso (Kosako), Araçatuba, Novo Horizonte (Ukei), Independência (Takahashi), Itinomiya (Kusakawa), Kita Paraná (Kusakawa), Batalha (Ishikawa), Vila Queiroz (Toyoda), Sol (Hamamoto), Sol Nascente (Aihara), Minamiassa (Nakamine), Nangu (Ushida), Monumento, Presidente (Yanagitani), Nanho (Wajima), Morumbi (Yamaguchi) e Sudoeste (Otake).

Foto-lembrança da cerimônia de posse de Shichito Otake, como segundo condutor da Igreja Bauru

Foto-lembrança da inauguração do novo recinto de reverência, em 14 de julho de 1961

