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Dia da partido para o Brasil do primeiro grupo das quatro famílias da Igreja-Mor Nankai, no Porto de Kobo (11/maio/1929)

Hitória da Igreja Bauru

Além dos mares e continentes

“Você não vai para ganhar dinheiro! Irá transmitir o ensinamento e salvar as pessoas. Que sejam três ou cinco pessoas, se ouvir que foram salvas devido a sua dedicação, estarei a elogiá-lo e ficarei muito feliz.”

Yoshimitrasu Otake, pai de Chujiro
A partir da esquerda: Nao, Shichiro, Yoshimatsu, Chujiro e Chiyo

           O Japão, com a Restauração Meiji (1868), sai da era medieval e passa à fase moderna, porém, parte da população ainda vivia à margem do processo. O confronto com a Rússia, no início do novo século, mesmo o Japão tendo saído vitorioso, desencadeou uma grave crise institucional.

          Quanto aos tratados de imigração, na época, os primeiros imigrantes japoneses desembarcaram em Honolulu, no Havaí, para trabalharem nas plantações de açúcar. Com a incorporação do Havaí pelos Estados Unidos, estabeleceu-se o fluxo imigratório para o continente americano: primeiro, para o oeste dos Estados Unidos, como trabalhadores da frente pioneira, e, depois, nas indústrias madeireiras e pesqueiras, no Canadá. Não havendo resultados satisfatórios nestes países, o Japão assinou o Tratado de Amizade com o Brasil, para onde milhares de famílias imigraram como colonos para as fazendas de café.

          No Brasil, a transição do séc. XIX para o XX coincide com a República Velha. Politicamente dominada pelas elites agrárias, notadamente mineira, paulista e carioca, o foco da economia brasileira estava na produção e exportação de café. Entretanto, os problemas sociais eram também, proporcionalmente, grandes. A Revolução de 1930, sob liderança de Getúlio Vargas, pôs fim à República Velha, iniciando a Segunda República. No mundo, a Primeira Grande Guerra (1914-1918) e, na sequência, a crise dos Estados Unidos, em 1929, que ultrapassou as fronteiras continentais e abalou todos os alicerces econômicos por cerca de cinco anos, fizeram a economia cafeeira decair, porém, com sobressaltos favoráveis à industrialização.

          A imigração brasileira teve início com os europeus, principalmente os italianos. A partir de 1908, sucede-se a fase do acordo de amizade com o Japão.

          A Tenrikyo, ainda no primeiro decenário do ocultamento físico de Oyassama (1896), sofria uma vigilância rigorosa das autoridades e, por parte da mídia, partiam ataques difamatórios. Em 1909, ocorre a autonomia da Tenrikyo como instituição religiosa e iniciam-se as construções dos santuários de reverência norte e de Oyassama (atual santuário dos antepassados).           Em janeiro de 1915, com o retornamento (falecimento) do Shimbashira I, toma posse o Shimbashira II, Shozen Nakayama, aos 11 anos de idade, porém sob regência interina. Antecedendo a celebração do quarto decenário de Oyassama, no período dos três anos, mil dias, foi anunciada a determinação de duplicação das igrejas (1921) e, pós-celebração, iniciou-se o movimento de incentivo para o missionamento no exterior. Para tanto, foram criados a Escola de Língua Estrangeira de Tenri (1925) e o Departamento de Missões Ultramarinas (1927).

          Na Igreja-Mor Nankai, o terceiro condutor, Seijiro Yamada, desejando participar ativamente do movimento de missionamento no exterior, anuncia o envio de um contingente para a América do Sul, aproveitando o incentivo do programa migratório.

          O jovem Chujiro Otake, 24 anos, fora escolhido para fazer parte de um grupo de dez famílias, mas antes, para tanto, tinha que constituir uma família: em 15 de fevereiro de 1929 casa-se com a senhorita Chiyo Nishi, 21 anos, e logo em seguida, em 11 de maio, o casal recebe, por adoção, o jovem Shichiro Minami, 14 anos, como filho.

          Chujiro, nasceu em 2 de janeiro de 1905, na Vila de Nishimukai, Província de Wakayama, como sexto filho, caçula, de Yoshimatsu e Nao Otake.

          Yoshimatsu Otake recebeu o espargimento da fé aos 19 anos de idade, quando foi salvo de reumatismo crônico que sofria há mais de dois anos. De regresso a Jiba, com o sentimento de gratidão, em outubro de 1883, Yoshimatsu teve a suprema graça de poder receber diretamente as palavras de Oyassama. Pernoitando dez dias em uma casa próximo à Residência, também pôde presenciar a transferência de Oyassama para a recém-construída Casa de Repouso e, ainda, receber um inestimável presente de um quimono vermelho de Oyassama. A alegria e emoção daquele dia sustentaram a sua fé e a dos sucessores até os dias de hoje. O quimono vermelho permanece guardado no Recinto de Oyassama da Igreja Nishimukai, fundada em 25 de junho de 1892.

          Em fevereiro de 1923, Chujiro se matriculou no 30º Seminário Bekka, em 27 de maio, recebeu o inestimável Dom do Sazuke, e, concluindo o curso, tornou-se missionário. Antes de imigrar ao Brasil, Chujiro já passara pela experiência de missionamento na Coreia, durante cerca de um ano.

          Em 11 de maio de 1929, do Porto de Kobe, parte o primeiro grupo de quatro famílias pioneiras do Nankai, com dezoito componentes: Shin-ichi Tateshima (três pessoas); Mitsutaro Soraji (oito pessoas); Guisuke Shintaku (quatro pessoas); e Chujiro Otake (três pessoas). Infelizmente, ainda no mar asiático, a família Soraji viria a perder o terceiro filho, Mitsuzo, que retornara no dia 24 de maio, vítima de complicações de sarampo contraído no navio.

          Nas memórias de Chujiro consta a seguinte passagem do dia da partida do navio, quando seu pai Yoshimatsu lhe disse:

          “Você não vai para ganhar dinheiro! Irá transmitir o ensinamento e salvar as pessoas. Que sejam três ou cinco pessoas, se ouvir que foram salvas devido a sua dedicação, estarei a elogiá-lo e ficarei muito feliz.”

          Nessa época, a Igreja Nishimukai já contava com mais de vinte igrejas filiadas.

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